Ouvi dizer que
sou rude. Insensível. Levei até o apelido de ogra, carinhosamente chamado na
intimidade, dito pra não ferir mas sabe, tenho que admitir... é verdade. Sou mesmo
das últimas a chorar no cinema quando a mocinha e o mocinho não tem solução de
vida. Minha boca demonstra meu pensamento com precisão cirúrgica, a naturalidade
faz do eu digo e como eu digo, muitas vezes um tormento para quem ouve, pelo
simples fato de achar que é um tormento pra mim. Mas como explicar que as lições
da vida, nos deixam mais diretos, mais simples, ou por outra mais descomplicados,
mais objetivos. A gente encurta o caminho, porque sabe exatamente onde alguns
caminhos vão levar e não quer mais perder tempo, correr riscos desnecessários
ou até porque tem preguiça de passar por tudo de novo.
Minha
sinceridade talvez disfarce um tremendo medo de acreditar que o que é bom dura
pouco, então, nem acredito que dura e que venha o que vier não há preocupação ou
sinceridade que impeça o futuro de acontecer, mas eu posso impedir meu coração
de entrar em falsas expectativas. Há sapos demais no mundo e a realeza só subsiste
na pureza das intenções, o resto não
passa de desejo, de vontade, crença num mundo melhor, pessoas melhores, o ser
humano é humano até que se prove o contrario, inclusive você. Mas eu disse
talvez e apenas talvez, relaxa que tudo é relativo e agente se preocupa demais
com o que todo mundo diz, até eu, com o que digo de mim e pra mim mesma, como
você, de você e pra você mesmo.
Não me importo
com o que pensam de mim. Há muito tempo que desisti de mostrar aos outros o que
sou, cada um que tire suas conclusões. Não espero nem um minuto pra dize o que
penso, pra fazer o que quero, afinal vai que o mundo acabe amanha e não vai
valer a pena levar uma vontade mal satisfeita ou insatisfeita para o juízo final.
Se vou morrer um dia e isso é inevitável que eu tenha a plenitude de pensar em
voz alta ainda que seja pra descobrir que não devia ter pensado absolutamente
nada. Qualquer descoberta é melhor que uma mente vazia.
A vida está me
ensinando que por mais que eu viva, não aprendi a lidar com quase nada. Que alguém
em seus 22 anos pode desafiar meus 52 e me fazer tão menina quanto é possível e
ainda assim uma mulher na plenitude.
Se eu sou aparentemente
insensível, de uma realidade atroz, é porque já vivi demais. Não é qualquer
coisa que me ilude, não é qualquer atitude que me convence, não é qualquer
palavra que me toca, não é qualquer momento que me faz esquecer. Não é qualquer
amor que me desatina. Não é qualquer aparência que me atrai. O tempo nos faz
seletivos até para pensar quanto mais para sentir.
Eu vivo com
sinceridade, comigo e com os outros. E que pareça atroz, que pareça rude a graça
deste golpe que te dou, que é dizer pra você sempre quando acorda ao meu lado,
que eu amo você. Amo e é assim, simples assim.